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domingo, 20 de junho de 2010

Satisfação...

O POLÍTICO NA LÍNGUA é um estudo sobre o processo de formação de palavras denominado sufixação, no discurso político, em sua modalidade escrita. Destacamos, neste trabalho, uma estratégia discursiva empregada pelos políticos a partir do formal na língua, com o objetivo de ofender uns aos outros e também se defender (de forma ofensiva). Formações novas e ressignificações de palavras com os sufixos -eiro e -ismo num período eleitoral específico chamaram nossa atenção, levando-nos a refletir sobre o funcionamento discursivo desses sufixos, caracterizados em nosso trabalho como marcas de heterogeneidade constitutiva do sentido, como desqualificadores do discurso do Outro. O trabalho interpretativo parte da forma (os sufixos -eiro e -ismo) com função ideológica. Os sufixos representam, pois, as glosas metaenunciativas de que fala Authier-Revuz. Manifestam-se na superfície do dizer, e, como bem lembra essa autora, não são da ordem do ornamento; tais formas prendem os dizeres no jogo dispersante das não-coincidências. As análises mostram que os sufixos -eiro e -ismo funcionam como modalizadores autonímicos. E mais: além de caracterizarem em seus contextos enunciativos, de forma simultânea, um uso e um comentário sobre o mesmo, o fazem para desqualificar o discurso do outro. São, portanto, modalizadores autonímicos derrisórios.


TRECHOS DO PREFÁCIO (produzido por Roberto Baronas - Professor da UFSCar - Doutor pela UNESP/Araraquara, com doutorado sanduíche na Université de Paris XII - Sorbonne/França):
“O político na língua: um olhar discursivo sobre a sufixação”, um livro cujo título joga com uma ambiguidade (o ator político na língua e o confronto, a disputa, as relações de poder na língua), vem preencher uma lacuna existente no Brasil acerca da contribuição das teorias da língua e do discurso para o ensino de língua portuguesa na escola. Ensino que ainda está fortemente calcado numa visão monológica, invariante e preconceituosa de língua. É um livro que mostra o que, o como e o porquê trabalhar com língua e discurso em sala de aula sem estar preso ao viés prescritivista.
Além do refinado esforço teórico-analítico empreendido pela autora neste livro há o fundamental esforço político: é um livro que deixa claro algumas das estratégias discursivas utilizadas pelos atores políticos a partir da inscrição em determinada formação discursiva como forma de descaracterizar o seu oponente. Descaracterização essa que se apresenta na grande maioria das vezes, sobretudo na grande mídia, como uma história (des)contada. Acredito que se existisse mais livros com a mesma orientação teórico-política do da Rejane circulando no espaço escolar Malufs, Collors, Severinos, Iedas e tantos outros que maculam as boas práticas dos bons políticos brasileiros dificilmente se (re)elegeriam.

Um comentário:

  1. Sem dúvida alguma, vc é a prova viva de que quem muito estuda alcança.
    parabéns, estou ainda mais orgulhoso de compartilhar o seu sobrenome.

    um abração,

    Clodoaldo Centurion Gambarra.

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