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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Na política, estudar para quê?

-Ó a Educação! Ó a Educação! Promoção relâmpago! É só votar e levar! Ó a Educação!
É incrível como em campanha eleitoral a Educação se torna “produto de feira” na boca dos candidatos. Entre as promessas eleitoreiras, as ações para melhorar a Educação do país, estão sempre lá. É sempre prioridade... Mais incrível ainda é saber que para ser candidato não se exige nenhum nível de escolaridade específico (fundamental, médio ou superior). Basta não ser analfabeto!!!!!!!!!! Caso o candidato não tenha um comprovante de escolaridade, precisa apresentar uma declaração escrita de próprio punho comprovando que sabe ler e escrever (leitura e escrita, nesse sentido, concebidas como decodificação e codificação, respectivamente). E estes mesmos candidatos saem afirmando “aos quatro ventos” que investirão o que puderem na Educação. Ora, por que não estudaram, se vêem como algo tão prioritário assim?
O juiz eleitoral Aloísio Sérgio Rezende Silveira, ao receber denúncia do Ministério Público Eleitoral contra um candidato supostamente analfabeto, afirmara que a legislação eleitoral não exige que os candidatos possuam mediano ou elevado grau de instrução, mas apenas tenham noções rudimentares da língua (!!!!). Será que o problema está na legislação??? E são essas pessoas que aprovarão (ou não) os projetos de leis relacionados à Educação, entre outros.
Vejam bem: para prestar qualquer concurso, exige-se grau de escolaridade específico. Para ser juiz, o curso de Direito. Para professor de Língua Portuguesa, o curso de Letras. Para ser médico, Medicina. E assim por diante... Para ser político, basta não ser analfabeto. Então, para que estudar? É como se não precisasse de qualificação em área nenhuma para ocupar o cargo. Receber votos é o que interessa. Por que não exigir curso superior ou especialização na área? Não é correto pensar que para ocupar um cargo específico, o candidato entenda das funções a desempenhar? Não é para isso que servem os concursos, seletivos, entrevistas de emprego? Bem, na política é diferente...
Foi curioso ter ouvido no horário político “gratuito”, reservado a um candidato a deputado federal dessa última campanha, a seguinte declaração: “-Sou candidato a deputado federal. O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto”. Mais curioso ainda foi saber que o referido candidato, cuja capacidade de leitura e escrita ainda está sendo questionada, foi eleito sendo o recordista de votos no país para o cargo supracitado.
É isso. Enquanto candidatos a cargos políticos se “estropiam” numa guerra por votos, a grande massa “corre atrás” da indispensável qualificação (das mais diversas formas possíveis) exigida pelo mercado de trabalho. A pergunta não deve ser, portanto, “Para que estudar?”, mas “Quem deve estudar?”. Bem, parece que fica evidente que para politicar não precisa estudar, mas é imprescindível prometer Educação ao povo.
Como diria Ary Barroso: Isso aqui, ô ô, é um pouquinho de Brasil, iá, iá... Deste Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz...

3 comentários:

  1. EXCELENTE TEXTO...
    AINDA BEM QUE AINDA TEMOS "CABEÇAS PENSANTES" NESSE PAÍS... é um alívio!...
    A "erva daninha" ainda não proliferou por toda a grama...
    hahahaha

    ... ao que parece, assim como se aplica ao trabalho..., só estuda quem precisa!
    hum...,isso dói, heim?
    Tô cansada de trabalhar...
    E ainda sou jovem...

    Mas é o nosso Brasil!
    Do futebol e do carnaval...
    Pane et circensis

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  2. Todos nos temos que provar o tempo todo a nossa qualificação e honestidade para o cargo que pretendemos.
    Aos políticos, basta provar que não são analfabetos, honestidade, comprometimento, ética, tudo isso mesmo com o projeto ficha limpa, não precisa! Basta não ser analfabeto!

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